Arquivo do mês: março 2013

Acabou o papel, limpa com o tablet

O mundo mudou. Hoje em dia você carrega uma câmera fotográfica (que já te mostra as fotos no momento em que você as tira), uma lanterna, um gravador de áudio, um mp3 player, um dicionário, um vídeo-game, um relógio, um mapa com GPS, o jornal do dia, um despertador, uma agenda, um calendário e, quem diria, até um telefone dentro do bolso da calça.

A que praticidade chegamos? Ao invés de se carregar uma mala cheia de coisas, levamos toda essa bugiganga pra lá e pra cá sem o menor esforço. O mundo de hoje está cada vez melhor para preguiçosos como eu. Mas claro, existem também os conservadores, que não aceitam tal mudança radical e a vêem como um evidente sinal do fim dos tempos.

Eu, particularmente, sinto que o que ocorre é natural e, em muitos momentos, importante e positivo. Por outro lado concordo que sou um pouco chato com algumas coisas, como por exemplo o começo da extinção dos CDs, que vem sendo substituídos pelo mp3 cada dia mais. Não é difícil entender, pelo contrario, qual é o sentido que existe em comprar CDs se é possível adquirir milhares de musicas por segundo na internet sem pagar um centavo por isso? Ainda mais que a quantidade de pessoas que entendem e percebem a diferença entre a música do CD e a baixada pela internet é ínfima (eu mesmo posso dizer que dificilmente enxergo alguma diferença). Juntando, portanto, fatores como qualidade, praticidade, quantidade e preço, a opção de se comprar CDs realmente fica em baixa.

Outra coisa que está com os dias contados é o jornal, que hoje em dia está sendo mais utilizado como banheiro de animaizinhos de estimação do que para sua real utilidade. Antes que os jornalistas acendam tochas ou preparem ataques terroristas contra mim (ou me xinguem no twitter, que é como os protestos são feitos agora), adianto que o jornal eletrônico se tornar o único tipo de jornal é algo que me assusta também.

Gosto do papel, daquela página fina e fedida que é difícil de dobrar e te faz parecer um idiota quando bate um vento. Gosto de ficar com os dedos cheios de tinta pelo dia inteiro. Gosto de tudo isso do mesmo jeito que gosto de CDs, com encarte e todo aquele ritual que envolve ouvi-lo.

Sou um hipócrita, admito. Leio muito mais noticias na internet do que no papel, assim como tenho pastas lotadas de musicas no meu computador. Mas é aquele negocio de nostalgia antes de acabar sabe? Quero achar motivos pro papel não acabar, quero continuar acreditando, mesmo fazendo parte da corja de malfeitores que insistem em destruir tudo.

O papel tem mais credibilidade, mesmo em uma noticia idêntica, escrita pela mesma pessoa. No jornal impresso parece que as coisas são “mais verdade”.

No meu caso, posso dizer que existe um sentimento de lembrança, pois o papel eu posso guardar comigo, é uma coisa material, palpável, esta ali, pode ser guardada na ultima prateleira do armário, dentro de uma caixa de sapatos, aberta sempre que eu quiser olhar para relíquias, tê-las em minhas mãos e sentir aquele cheiro característico. Da mesma maneira que gosto de ter minha discografia dos Beatles no meu quarto, onde eu posso ver (e tocar).

O fato é: coisas são legais, não quero, no futuro, ter apenas um chip onde guardo minha vida. Gosto de dividir pessoas de acordo com as coisas que elas gostam, cultivam, e se tudo for colocado dentro de um chip, as pessoas também serão.

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